Aproveitamentos Geotérmicos

O que é a energia geotérmica?

A energia geotérmica é a energia calorífica proveniente do interior da Terra. Em média, a temperatura aumenta, em profundidade, cerca de 33 ºC por km. Este valor é superior em zonas vulcânicas, que, por isso, revelam elevado potencial geotérmico. No entanto, avanços tecnológicos e científicos possibilitam também a exploração da energia geotérmica em zonas não vulcânicas. Esta é uma fonte de energia renovável, que possibilita a produção de energia elétrica de forma continuada, 24 horas por dia, com pouca produção de gases de efeito de estufa.

 Aproveitamento geotérmico de alta entalpia

Aproveitamento geotérmico em zonas vulcânicas. A água das chuvas infiltrar-se através de fraturas e é aquecida pela proximidade do magma. O vapor é depois extraído numa central geotérmica para produção de energia eléctrica. Este tipo de aproveitamento existe no arquipélago dos Açores, na ilha de S. Miguel e é responsável por 40% das necessidades energéticas da ilha.

Aproveitamento geotérmico de baixa entalpia

Aproveitamento de águas termais, com temperaturas altas, associadas a acidentes tectónicos, como falhas, e é utilizado em estâncias termais, para tratamentos terapêuticos. Existe ainda outro tipo de aproveitamento geotérmico de baixa entalpia.
Bomba de calor
A estabilidade térmica do subsolo pode ser utilizada para climatização dos edifícios. As temperaturas do subsolo, relativamente estáveis todo o ano, permitem a dissipação do calor no subsolo no verão e a captura do calor no inverno.

Sistema geotérmico estimulado (EGS/HDR

Os sistemas geotérmicos estimulados correspondem à utilização de vapor de água para produção de energia elétrica. O vapor é produzido quando água fria é injetada, através de um furo, para um reservatório de rochas quentes e secas. Não está dependente da existência de aquíferos e pode ser explorado em zonas graníticas, dado que o granito, como possui de elementos químicos, que produzem calor por decaimento radioativo (potássio-40, urânio-238, urânio-235 e tório-232), é uma rocha com elevado potencial geotérmico. 

Em Portugal e, por comparação com outras tipologias favoráveis à instalação deste tipo de aproveitamento na Europa,  “concluiu-se pela existência de um potencial geotérmico relevante por parte das rochas tardi a pós-tectónicas que integram o batólito granítico das Beiras, com ênfase para o sector Santa Comba Dão-Nelas-Oliveira do Hospital.” (Pereira e Neves, 2011).

Referências:

Instituto Geológico e Mineiro (1998). Recursos Geotérmicos em Portugal Continental: Baixa Entalpia. Versão Online no site do INETI: http://e-geo.ineti.pt/edicoes_online/diversos/rec_geotermicos/indice.htm

Neves, L.; Pereira, A. e Matos-Dias, J. (2011). Os sistemas geotérmicos estimulados (EGS-HDR) – Um desafio para o século XXI. In L. Neves, A. Pereira, C. Gomes, L. Pereira, A. Tavares. Modelação de Sistemas Geológicos – Livro de Homenagem ao Professor Manuel Maria Godinho (277-290). Coimbra: Laboratório de Radioactividade Natural da Universidade de Coimbra.

Pereira, A. ; Neves, L. (2008). Geotermia – Energia para um futuro sustentável (Brochura). Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Pereira, A.; Neves, L. (2011). Potencial EGS/HDR da Região Centro e Norte de Portugal. . In L. Neves, A. Pereira, C. Gomes, L. Pereira, A. Tavares. Modelação de Sistemas Geológicos – Livro de Homenagem ao Professor Manuel Maria Godinho (303-315). Coimbra: Laboratório de Radioactividade Natural da Universidade de Coimbra.